"Os Loucos Anos 20 em Lisboa”
O Jornal4you visitou a exposição "Os Loucos Anos 20 em Lisboa”, Optámos por uma visita guiada dividida em duas partes e dois locais.
A primeira parte decorreu no Museu de Lisboa –
Palácio Pimenta e a segunda parte decorreu no Museu Nacional do Teatro e da
Dança.
À chegada ao Museu de Lisboa fomos
recebidos pelas 2 «Meninas» (Outono e Verão), esculturas de Jorge Barradas,
também ele um artista multifacetado: ilustrador e humorista nas primeiras
décadas do século XX, um verdadeiro Modernista que viveu os loucos anos 20 em
Lisboa.
Abandonámos o edifício central e passámos pelo quiosque, onde bebemos um café, continuámos o nosso caminho em direcção ao pavilhão Preto onde fomos recebidos pelo mural pintado pela jovem Mariana Duarte Santos que retrata o que nos espera nesta exposição.
Fotografias, cartazes, desenhos, vídeos, roupas e outros itens oferecem-se aos visitantes de modo a mostrar-nos como era Lisboa na década de 20 do século passado.
Já no interior pavilhão Preto encontrámos uma exposição
dividida por seis secções, onde iremos encontrar uma
cidade que corre a várias velocidades e várias direcções influenciada por diversos marcos que a seu
modo foram influenciando a vida e
o rumo desta cidade.
Lisboa, apesar de conservadora e antiquada em todos os aspectos, a cidade começa a ser palco de diversas manifestações de modernidade. A electrificação da capital e o pontual aparecimento pela cidade de diversos clubes nocturnos e outros locais de espectáculos, contribuíram para que a força das palavras de revolta e afirmação sejam projectadas pela frenética música e dança dos anos 20.
Artista e intelectuais alguns conhecidos outros desconhecidos e outros anónimos servirão de êmbolo para o aparecimento nesta década de uma mulher que quer ser emancipada e que critica perante o opressor as violações morais, sexuais e sociais de que é vítima.
No entanto a literatura a rádio o teatro e o cinema lançam tendências, estilos de vida e de pensamento, para uma sociedade fortemente marcada pela instabilidade política, social e económica. O feminismo vai ganhando força. Começando, então, a passar e a fixar-se na capital portuguesa alguns artistas que muito contribuiriam para o desenvolvimento da arte no nosso país. Em meados dos anos 20, no Teatro Novo criado por António Ferro e José Pacheco, Lisboa conhece o primeiro bailarino e coreógrafo português, Francis Graça (sob o pseudónimo de Florêncio), que ficou com a direcção do primeiro grupo de bailados portugueses: os Bailados do Verde-Gaio.
Ficámos a conhecer também Julieta Soares uma das primeiras mulheres a tirar a carta de condução em Portugal e também Maria de Lourdes Braga de Sá Teixeira, a primeira mulher aviadora Portuguesa.
Depois de almoço a segunda parte da nossa visita decorreu no Museu Nacional do Teatro e da Dança.
Neste belo e recheado museu, perante um ambiente uma sonoridade propicia a tal recordámos a saudosa Beatriz Costa o talentoso e versátil Almada Negreiros, Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro e a sua fabulosa companhia de teatro.
Ressaltando por entre as divas reencontrámos Fancis Graça.
Ficámos apaixonados pela beleza e pela bela fotografia da cantora lírica e actriz Corina Freire.
Deliciámo-nos com a beleza dos trajes dos clássicos de Teatro e com a simplicidade dos mesmos no Teatro de Revista e por fim passámos em revista alguns dos cartazes de grandes peças da década de 20.
Por fim e para nosso espanto e tristeza constatámos
que apesar da distancia temporal que nos separa ser de aproximadamente 100 anos
apesar da cidade ser a mesma tudo se mantêm inalterado o que nos faz metermo-nos num 31.
Os chãs ainda demoram 5 minutos a serem servidos, os aquecedores ainda nos aquecem e a igualdade de género nem nos aquece nem arrefece.
As Cartolinas e os Adelaides ainda por aqui vagueiam.
A mudança de orientação de circulação automóvel e não só sempre se faz de um dia
para o outro e a movimentação linguística outrora usada nas peças no Parque
Mayer ainda é necessária e o preconceito em analisar o ser humano pelo seu invólucro
exterior será sempre fruto uma análise gémea desta longínqua mas não tanta
década de 20 onde brilharam em diversos e distintos palcos, artistas que criaram,
copiaram e adaptaram tendências que ficaram eternizadas ou não seriam estes os Loucos
Anos 20 em Lisboa.
Texto e fotografias de Vitor Dias para o Jornal4You
Agradecimento à EGEAC e aos Guias das visitas e ao Museu
de Lisboa – Palácio Pimenta e ao Museu Nacional do Teatro e da Dança.
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