O Homem da Amália


Ontem dia 2 de Outubro fomos ao teatro Armando Cortez em Carnide, assistir à peça " O Homem da Amália" um monólogo de e com Virgílio Castelo.
A pouco e pouco regressamos à normalidade propriamente dita e é com alegria que encontramos  a alegria e glamour  do publico  que se preparou com antecedência para assistir a este monólogo o foyer do teatro respirava vida e o barulho da máquina de café salpicado com as vozes do publico que aguardava a entrada oferecia-me déja-vù temporais que foram aromatizadas pelo fumo do tabaco de enrolar do Luís Rana.

Virgílio Castelo que aqui vai representar um homem apaixonado por Amália mede forças com a grandeza deste espaço de representação e com a sua representação a sós de um homem só que quer afastar a solidão para longe de si.
Encontramos neste monólogo várias  semelhanças  entre o  "Homem da Amália"  com a personagem "Dom Quixote de la Mancha"  de Miguel de Cervantes onde a personagem  chega a compara-se  com o  velho da armadura de aço que anda atrás de Amália com a sua fantasia metálica.

Um shot enlouquecido pelo amor platónico que vemos a lutar contra um moinho de vela acesa ao vento reclamando a Deus o  amor por Amália .

Apesar da personagem  se considerar  um fado menor na vida da Amália no entanto  tem consciência que nunca ficará na história da vida dela,  nem tão pouco fará parte do  reportório de ninguém.

Assistimos a uma representação onde  o ciúme  fala  e se sobrepõe ao sentimento platónico de um louco pela sua Diva, assistiremos também a uma  transformação de um amor de mel  em um amor de fel.

Ou não seria esta  a história de um triste apaixonado que tem consciência que será apenas  um mero figurante na vida de Amália, embrulhado em ciúme, paixão e desejo.

Uma personagem transparente ao olhar de Amália e de todos  que não provoca reações, mas  que apesar da sua transparência acredita que irá fazer parte da vida de Amália.

Um monólogo transversal que nos vai  revelando um pobre Ícaro que no seu voo inicial queimou as suas assas e que apenas viaja com a sua imaginação para os braços da sua Amada Amália.

O público acompanhando o  desenrolar do monologo apercebe-se que esta personagem inquietante  e  isenta de luz interior vive ofuscado pela luz que o cega da sua paixão por  Amália que o alimenta  na ânsia de poder acender a sua Luz apagada 

Uma representação digna de se ver  com um Virgilio Castelo incomparável  em que  diálogo sem ser complexo nem tão pouco obscuro nos deixa à vontade e confortáveis ao longo de 1h15 minutos de representação.


"Quando se gosta de alguém

É como estar-se doente

Quanto mais amor se tem

Pior a gente se sente..."




Texto de Vitor Bom Norte

Trabalho fotográfico de  Luís Rana


O Homem da Amália, Yellow Star Company; Texto e interpretação: Virgílio Castelo;

Encenação: Paulo Sousa Costa em cena no Teatro Armando Cortez.

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